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quarta-feira, 19 de abril de 2006

o kiu




O Coletivo Universitário KIU pela Diversidade Sexual foi criado em fevereiro de 2004 em Salvador-BA. Em novembro de 2004, apresentou suas concepções sobre gênero/sexualidade e seus objetivos políticos através do Manifesto KIU, documento que norteia os princípios e a política do grupo. Trata-se de um coletivo auto-gestionário formado por estudantes universitários, de heterossexuais a travestis, de brancos a negros, de anarquistas a militantes de partidos políticos. (texto em preparação)

Folder do KIU (28.06.2005)

Material distribuído na Faculdade de Ciências Humanas - UFBA, em 2005 (Ano II), no Dia Internacional do Orgulho Gay



28 de Junho - Dia Internacional do Orgulho Gay ou melhor de viados sapatonas travestis gays lésbicas transexuais guebas bichas caminhoneiras e etc.

FFCH / UFBA - 2005
performances de Eneida Membruda + improvisações + vídeos + música + beijos e muita fechação!!!!

A Resistência de Stonewall

No dia 28 de junho de 1969, em Nova York, uma travesti reagiu com um taco contra um policial que a interpelou violentamente alegando imoralidade pública. Isso desencadeou uma guerrilha urbana pelo uso do espaço público, durante três dias gays, lésbicas, travestis e trabalhadoras sexuais resistiram às investidas da polícia. Outros autores afirmam, que a polícia, alegando o descumprimento das leis sobre a venda de produtos alcoólicos, tentou interditar um bar chamado Stonewall In, localizado em Christopher Street, a rua mais movimentada do gueto gay de Nova York. @s freqüentadores do bar reagiram desencadeando uma longa batalha. Depois de um tempo, a Frente de Libertação Gay lançou seu Jornal “Come Out” e decretou o dia 28 de junho como Dia Internacional do Orgulho Gay. A revolta de Stonewall impulsionou o movimento gay nos Estados Unidos e se tornou um marco na História do Movimento Internacional GLBT.

A neca festeja e a hipocrisia toma conta
Em 2004, no pátio dessa faculdade, quatro estudantes de História realizaram uma mostra de vídeos sobre sexualidade em comemoração ao Dia Internacional do Orgulho GLBT. Os vídeos em questão faziam parte do acervo do Festival Mix Brasil com sede em São Paulo. O vídeo “Falo pro Papel” abordava os momentos conturbados de uma relação entre dois homens, onde um deles no final, masturba-se e goza. As cenas que mostravam o pênis do rapaz expelindo esperma causou a maior polêmica em São Lázaro e as reações não demoraram. Como a mostra estava prevista para dois dias, no dia seguinte, a direção da Faculdade tentou impedir a continuidade da mostra alegando que no pátio transitavam crianças, e professores e estudantes com referenciais conservadores em relação à temática. Pressionados sugeriram que a mostra fosse realizada numa sala fechada em respeito a essas pessoas. Mas, diante da pressão da organização do evento, de pouquíssimos professores e de centenas de e-mails endereçados à direção conseguimos dar continuidade ao evento no pátio, onde vários estudantes gritavam para que o vídeo fosse mostrado novamente. Esse fato não pode cair no esquecimento, pois se trata de uma estratégia heterossexista com a intenção de manter o domínio do espaço público, redirecionando, desse modo a afetividade e a sexualidade fora da ordem hetero para o espaço privado.
Heterociência!
Que sociológ@s, antropolog@s, psicológ@s, historiadores, cientistas polític@s, museolog@s e filósof@s são esses que não conseguem ver um pênis ejaculando no pátio? Que tipo de tabu é esse num espaço que se pretende livre e democrático? É homofobia?

As Ciências Humanas são heterossexistas! O silêncio na graduação e na pós-graduação sobre sexualidade reflete uma visão de uma heterossexualidade presumida, ou seja, tod@s são naturalmente heterossexuais, por isso não cabe a discussão e a pesquisa. Ou então, recorrem a uma série de discursos pseudocientíficos que constroem a heterossexualidade como normal, saudável, natural e as relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo, os transgêneros, a prostituição, o sexo sem fins reprodutivos como patologias, anormalidades, desvios, disfunção hormonal... A História discutida é uma História sob um ponto de vista masculino, branco, machista e hetero. Quando o silêncio sobre a sexualidade é quebrado em sala de aula, o que vemos é o riso e o escárnio.
Denunciamos esses discursos e práticas como estratégias de normalização e controle da sexualidade.


Cientista homofóbico pesquisando GLBT’s


A homofobia não se restringe ao discurso

A hipocrisia esconde as agressões físicas e verbais contra travestis e transexuais na Carlos Gomes e Orla Marítima. Aos travestis e transexuais é desrespeitado o direito do acesso à educação. Prevalece a máxima: direitos iguais, mas uns mais iguais que os outros. A violência física contra os GLBT’s é capaz de executar um deles a cada 3 dias no Brasil, segundo dados do GGB. Alguém conhece algum travesti professor ou estudante na UFBA?
Na UFBA, também há discriminação! Um estudante de História (FFCH/UFBA) foi discriminado por uma estudante de Educação Física na Faculdade de Educação chamando-o de viado amarelo e doente e mandando que ele fosse dar o cu, dentre outras frases de baixo calão. Ele denunciou a direção que formou uma comissão para analisar e julgar. A Faculdade de Educação diante dos resultados apresentados pela comissão pediu desculpas pelo fato ocorrido e a estudante foi obrigada a se retratar.
Ocupação de São Lázaro pelos GLBTS
Por se caracterizar como uma instituição que reproduz em discursos e práticas a homofobia, os estudantes da UFBA decidiram ocupar esse pátio com a criatividade da cultura GLBT. Decidimos sair dos guetos, pois não nos conformamos com uma sala fechada, com um bar, com uma cidade dividida em territórios próprios e impróprios à expressão da sexualidade.
Temos como objetivo utilizar o espaço público – tradicionalmente hetero – como espaço de manifestação da cultura glbt, desmantelar as estratégias heterossexistas de controle do espaço público manifestando a homoafetividade, alertar para a necessidade de pesquisas acadêmicas sobre a sexualidade que combatam o silêncio e a homofobia presente nos discursos. Mostrar que os viados-sapatonas-travestis-gays-lésbicas-transexuais-guebas-bichas-caminhoneiras-bofes-simpatizantes-homos-quarila-héteros-trans-monas-rachas- buscam amar e construir uma cultura de respeito à diversidade sexual, uma sociedade verdadeiramente justa em que os direitos humanos dos GLBT sejam assegurados.
beijaço.beijos
O Beijaço é uma ação política realizada em espaços públicos por gays, lésbicas, travestis, transexuais e simpatizantes contra a homofobia. O beijaço mais famoso do Brasil ocorreu em 03/08/2003 no Shopping Frei Caneca em São Paulo quando os seguranças do local tentaram impedir um casal gay de continuar se beijando. O casal solicitou a presença da policia e registraram ocorrência na delegacia. O fato ficou conhecido através da TV e da Internet, os GLBTS’S decidiram, então realizar um beijaço no local.
Em Salvador, o primeiro beijaço foi realizado no Bar Quixabeira, em 14/09/2003. A direção proibia a expressão da afetividade entre pessoas do mesmo sexo, apesar de ser um bar freqüentado por gays, lésbicas e simpatizantes. Duas mulheres que trocavam carícias no local foram interpeladas pelo garçom que, em seguida, disse que o bar não permitia esses contatos. Essas mulheres organizaram um grupo de 14 pessoas que por volta de meia noite se beijaram à vontade. O Beijaço é a resposta dos GLBTS às estratégias de controle sobre a expressão da homoafetividade!


“ABX, LIBERTEM OS TRAVESTIS!”

“AGORA, JÁ, EU QUERO É FECHAR!”

“RICHETTI É LOUCA, ELA DORME DE TOUCA!”
Essas palavras de ordem deram a tônica à primeira manifestação de GLBTS no Brasil ocorrida em São Paulo em 1979. Em virtude da ação comandada pelo delegado de polícia José Wilson Richetti que pretendia “limpar” o centro da cidade de prostitutas, gays, lésbicas e travestis. A policia fazia batidas relâmpagos nos locais de reunião, prendia ilegalmente esses indivíduos para averiguação de antecedentes e, acima de tudo, com métodos extremamente violentos. Isso ocasionou a reação do movimento gay que se articulou com os movimentos feminista, estudantil e negro para protestar contra essa ação arbitrária.



Fonte:
FRY, Peter e EDWARD, MacRae. O que é homossexualidade. São Paulo: Brasiliense, 1983.
Repasse esse material para o seu pai, mãe, avó, avô, primos e primas, tios e tias, amigos e amigas, patrões e empregados, filhos e filhas, netos e netas, colegas de Faculdade, professores, namorados e namoradas, intersexuais, cobradores de ônibus, maridos e esposas, policiais, enfim, para quem quiser... Ou se for jogar fora, lembre-se: não suje o meio ambiente! Jogue esse papel no lixo, de preferência numa caixa coletora de lixo reciclável.



Realização:

CA DE HISTÓRIA – UFBA
CA DE CIÊNCIAS SOCIAIS – UFBA
CA DE FILOSOFIA - UFBA
KIU – COLETIVO UNIVERSITÁRIO PELA DIVERSIDADE SEXUAL / UFBA – UCSAL
coletivokiu@yahoo.com.br